Olá, tudo bem?
Tenho quase certeza que você já deve ter assistido esse filme, ou lido o livro, mesmo assim vou evitar os spoilers para não estragar a surpresa caso nunca tenha visto a obra.
O filme retrata a saga da recém formada jornalista Andy Sachs, que é contratada como assistente de Miranda Priestly editora chefe da revista fictícia de moda “Runway”.
Mesmo não entendendo, e sequer gostando, do ramo da moda Andy aceita o serviço pois acredita que isso lhe abrirá as portas da grande imprensa nova-iorquina.
O filme gira em torno do inferno que passa a ser a vida da jovem jornalista ao aguentar os caprichos de Miranda e as futilidades do mundinho dos grandes escritórios da Big Apple.
E o que o filme tem a ver com a Psicologia?
Bem...Quase tudo nele pode ser analisado sobre a lente de nossa querida ciência das mentes.
Vamos pelo início, Andy tem um sonho de trabalhar para um grande jornal, aceita, no entanto, um serviço em uma revista de moda, universo em que ela não está inserida, e além do mais não gosta.
E por quê? Nada mais que o status de ocupar uma vaga em que milhões de meninas se matariam para estar lá.
No decorrer do filme percebemos o inferno em que Andy se meteu, colegas fúteis, uma chefe totalmente desequilibrada e um ambiente hostil onde todos querem derrubar quem está pela frente. Em certos momentos nutrimos um sentimento de pena da protagonista, no entanto em todos os momentos em que há vontade de desistir de toda aquela insanidade, vem o pensamento das milhões de meninas que se matariam para estar naquele lugar.
Aqui faço uma breve pausa… A Runway é um universo à parte? Ou será que ela não é bem parecida com algumas empresas brasileiras? Talvez aquela em que você trabalha, ou ainda aquela em que sonha trabalhar.
Vale a pena se sacrificar tanto? Abrir mão dos seus valores muitas vezes, em troca de um crachá para ostentar nas redes sociais?
Vou falar brevemente de um paciente que atendi tempos atrás, era gerente de câmbio de um banco multinacional, salário muito acima da média e cargo de muito prestígio, bem legal não é mesmo?
E se eu falar que ele não tinha tempo de usufruir desse salário? Que comia mal e dormia mal por conta do trabalho (ele tinha que estar acordado às 4 da manhã para checar a cotação das moedas asiáticas e ia dormir somente depois das 23 pois devia estar atento também aos mercados da costa oeste americana), belo trabalho não é mesmo?
Continuando apesar de ganhar um salário de quase 6 dígitos ele não conseguia viajar, tinha uma saúde muito frágil, pesava quase 140 quilos e aos 35 anos acumulava 3 ataques cardíacos, tinha que lidar não só com sua equipe chata aqui no Brasil com com equipes chatas ao redor do mundo, e sempre que reclamava ao superior ouvia a frase… Não aguenta? Pede pra sair, tem uma fila gigante de gente querendo seu cargo...Vai trabalhar em empresinha e ganhar dois salários mínimos…
Eu deixei bem claro a esse paciente, ou você sai do trabalho ou um dia sairá no caixão… Ele largou a terapia, e infelizmente não tenho mais contato com ele uma pena.
Mas voltando ao filme; Em determinado ponto a mentalidade de Andy muda, especialmente por conta de todo o estresse, briga com o namorado, com os amigos, e transforma-se naquilo que sempre odiou. Fica uma outra pergunta para se pensar, vale a pena brigar com todo mundo somente por estar em um lugar onde “um milhão de meninas se matariam para estar ali”? Vale mesmo?
Se o final do filme terminasse com Andy sofrendo um AVC ou ataque cardíaco, não seria surpresa nenhuma, idem se desenvolvesse ataques de pânico, depressão, ansiedade generalizada, insônia, obesidade, problemas renais, de coluna, estomacais, vícios, suicídio? Sabe por quê? Fora da ficção é isso que acontece muitas vezes!!
Então deixo um pensamento final para você caro leitor, pense bem se você quer mesmo trabalhar no inferno somente pelo status ou o salário, muitas vezes você terá uma paz de espírito maior trabalhando em um local menor, ganhando um pouquinho menos, economizando, investindo, não tem o mesmo prestígio mas tem saúde física e mental, que no fundo é o mais importante que temos na vida.
Você dá vida pelo seu emprego ele te dá um monte de doenças e a morte em troca!
Uma boa semana para você!
Escrito por Luciano Arruda, Psicólogo e fundador do Fluidez Mental, apesar de nunca ter trabalhado em nenhuma empresa grande ou famosa escuta diariamente relatos de pessoas que sofrem com chefes insanos, jornadas doentias e colegas sádicos. Seu contato é luciano@fluidezmental.com.br
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